Quando Dilma Rousseff disse ao senador José Agripino que os dois viviam em lugares diferentes a ditadura – e tudo o que ela representou: ruptura e destruição da democracia, prisões arbitrárias, torturas, fuzilamentos, intervenção na Justiça e no Legislativo, arrocho salarial, decretos secretos, atos institucionais, etc.etc. -, tocava em um ponto fundamental. A anistia, decretada pela ditadura, tratou de estender-se a todos –agentes e vítimas da ditadura – e assim livrar-se dos julgamentos para responsabilizar a todos os que haviam pregado a ditadura, apoiado o regime militar, sido seus agentes diretos e enriquecido com ela.
Tanto quanto foi indispensável escrever o Tortura nunca mais e apurar – e seguir apurando, abrindo os arquivos da ditadura – tudo o que sucedeu nos porões da ditadura, é indispensável pesquisar e revelar publicamente o que fazia cada um no movimento que pregou o golpe militar, no golpe e durante todo o tempo da ditadura militar. Onde estavam e o que fizeram José Agripino, Jarbas Passarinho, Jorge Bornhausen, Octavio Frias, Victor Civita, Roberto Marinho, Julio Mesquita, Delfim Neto, Alexandre Garcia, Antonio Ermirio de Morais, etc., etc?
Fará bem à história brasileira. Colaboremos contando cada um o que sabe de cada um deles e de tantos outros que apoiaram e se aproveitaram da ditadura militar, pesquisando e ajudando a memória dos brasileiros, contra a qual atua a imprensa mercantil. Apenas para esclarecer, não para tomar represálias, mas para fazer justiça a quem foi vítima da repressão – como Dilma e tantos outros – e a quem foi agente, ativo ou passivo, da ditadura.